quinta-feira, 12 de novembro de 2015

VISEU EM NOVEMBRO
(Texto escrito a 9 de Novembro de 2015)


Depois de uma viagem de 6ª Feira à noite onde aproveitei para jantar e dar um abraço fraterno a muitos e bons amigos reunidos por uma importante causa na Mealhada, acordei este Sábado sob um sol radioso nas terras abençoadas da Beira Alta.

Saltei da cama com a fúria de quem não queria perder um único minuto do dia. Rapidamente mobilizei a familia, a começar por uma jovem de 87 anos que tenho a sorte de ter como mãe!

Partimos sem stress pelo caminho mais sinuoso, mas também mais encantador, desfrutando dos tons de grená, castanho, amarelo torrado e tantos outros que compõem o cenário magnífico das nossas vinhas do Dão em meados de Outono. Depois de uma homenagem obrigatória e sentida aos que já partiram mas que nunca morrem, embrenhamo-nos pelas Silvãs, Rio de Moinhos, Ladário, Povolide, Vila Meã até à mui nobre e sempre leal cidade de Viseu.

Chegámos à hora do repasto e aportámos numa casa de referência da Cidade, saciando as vísceras de forma generosa com os prazeres e sabores da Beira Alta. Em suma, um regalo! Dispensámos o café à mesa e fomos degustá-lo a uma das muitas e boas pastelarias da cidade.

Dali partimos para revisitar a Rua Formosa, o Largo da Sé, as Portas da Cidade, o sedutor Rossio! Tudo isto num rimo e cadência de quem saboreia um fruto desejado, sempre à procura de mais um sabor, mais um pormenor, mais uma tonalidade, mais uma emoção! Subimos ao meu velho, mas renovado e melhorado, Liceu Alves Martins. Que mistura tão doce de memórias e sobretudo de promessas credíveis de futuro que este espaço encerra!

Depois descemos e evoluímos até ao Largo de Sta Cristina. Passo a passo, metro a metro, fomos saboreando e degustanto esta cidade onde nasceu o nosso Rei fundador e cujo senhorio, pela sua reconhecida importância, viria a ser entregue ao nosso Infante Navegador, D. Henrique, Duque de Viseu!

Paradoxalmente, seria destas terras de serra e de interior que sairiam os primeiros navegadores da Ordem de Cristo que, começando com a Conquista de Ceuta em 21 de Agosto de 1415, ergueriam o primeiro império pluricontinental do planeta, que apenas se encerrou 600 anos depois, com a passagem de Macau para a China em 1999.

Sensações e ideias a reter: uma cidade bem arrumada, limpa, com jardins e espaços verdes impecavelmente tratados e com uma segurança nas ruas e outros espaços verdadeiramente invejável! 
E tudo isto sem presunção nem arrogância, sendo apenas aquilo que genuinamente é, fazendo juz a uma história que é anterior à nossa nacionalidade! Convenhamos que tudo isto já não é coisa pouca!

Regressámos à nossa doce aldeia, reunimos irmãos e familiares, partilhámos mesa e experiências em fraterno convívio, não sem antes voltarmos a revisitar um dos centros históricos mais bonitos das vilas portuguesas em Aguiar da Beira.

O dia esteve quente e particularmente agradável, o calor das gentes da Beira fez o resto! O magusto foi ponto obrigatório, com as castanhas que só o frio e o carácter da Beira Alta são capazes de criar!

O Domingo traz-nos outro dia radioso, pouco habituais aliás neste mês rigoroso de Novembro. Um passeio à aldeia próxima onde nasceu o meu maior amigo, o meu pai claro está! Faz-me companhia o mais novo dos meus filhos que, com apenas 9 anos, ouve pequenas mas verídicas estórias dos seus antepassados que por ali viveram e, à sua maneira, ali foram felizes!

À tarde outra experiência radical para o jovem João: apanhar míscaros e tortulhos nas matas da Escusa! Que consolo e alegria para quem ainda há poucos minutos atrás reclamava da falta de qualidade da internet e do facto de não ter trazido a playstation!

Por fim, um regresso a Lisboa com a saborosa sensação de que quem tem estas raízes e gentes tem a obrigação de ser feliz!

António Ribeiro
(Texto escrito a 9 de Novembro de 2015)

Sem comentários:

Enviar um comentário